24 de outubro de 2005

Lançamento




"Este CD traz, pela primeira vez, os dois álbuns do grupo PÉ ANTE PÉ, que destacou-se na cena instrumental paulistana no início dos anos 80, ao lado de conjuntos como o Divina Increnca, Grupo Um e Pau Brasil. Sua obra-prima definitiva é o álbum 'Imagens do Inconsciente', gravado por um quinteto, enquanto o primeiro trabalho traz arranjos originais para uma ousada formação de octeto, com 3 saxes e vibrafone."


EDITIO/07 1. Sambana / 2. Tutú Maracá / 3. Uma Tarde Como Essa / 4. Transformar / 5. Araponga / 6. Embrio / 7. Saguairú / 8. Retrato Dela / 9. Sugestivo da Silva / 10. Paramanaguá / 11. Salamandra / 12. Samba do Anhangabaú / 13. Mormaço / 14. Iguana / 15. Tema para Pedro / 16. Pedra Lispe / 17. Baraúna

Homero Lotito / Caito Marcondes / Teco Cardoso / Jarbas Barbosa / Mané Silveira / Xico Guedes / Tuco Freire / Betão Caldas / Nico Assumpção / Sylvio Mazzuca Jr.

23 de outubro de 2005

Alice



[About free-jazz] It felt like if you were to just walk out of this door and just see a new world, a new universe with so many opportunities in it. You know so many things to discover and so many vistas to look upon. It was so perfect for me. And I never felt locked in. I said what a freedom, and to have it without all of these boundaries and restrictions. Not that it was wild and undisciplined, because that was something we'd talk about. He said, [John Coltrane] 'If my music ever became such that I'm playing without thought or without concentration, I'm finished.' He said, 'I'd never want to play'."


22 de outubro de 2005

Guigou! II


Guigou Chenevier (Etron Fou Leloublan, Volapük) e Nick Didkovsky (Doctor Nerve), estão juntos em Body Parts (Cuneiform Records, 2000), que une duas das mentes mais brilhantes e ousadas do universo R.I.O/avant-prog, em um trabalho criativo e empolgante. Mantendo o nível de excelência de seus trabalhos nos grupos de origem, aqui Guigou e Didkovsky abusam das especialidades que os celebrizaram - de um lado a percussão inventiva, folksy e opulenta do mastermind do Volapük, d'outro as composições assimétricas e complexas, e a capacidade de improvisação enérgica e pesada de Nick Didkovsky. Interessante é ouvir Guigou acelerar seu 'ritmo' natural para acompanhar o frenesi espasmódico de Didkovsky, revelando uma faceta agressiva à altura do Dr. Nerve.


Boa parte das músicas apresentam vocais, ora por Didkovsky (Pet Song), ora por Chenevier (The Man Who Hated Pets, Beautiful as Democracy) e contém letras interessantes, geralmente cantadas em ritmo atropelado e gritado:


I hate that freaggin' dog/ I hate that freaggin' dog!/ Is that your dog?/ it should be on a leash! Is that your dog?/ it should be on a leash!


Chenevier tem a chance de mostrar sua verve percussionista em 'Bell'innommable', repetindo a dose em 'Soft Loud', sendo argutamente acompanhado por Didkovsky, que deixa de lado o peso para criar ambiências miríficas na sua guitarra. Já Didkovsky despeja toda sua proficiência em 'The Corpse' e 'One Wooden Leg', faixas que nos remetem ao seu já consagrado trabalho no Dr. Nerve.


Mas o destaque fica para a improvisação cataclísmica que é a última faixa, onde o duo apronta um escarcéu de microfonias, ruído, dissonâncias e solos esfuziantes, atingindo o auge em um rock pesado e distorcido como o Dr. Nerve nunca sonhou fazer (me lembrou Massacre). Genial!

17 de outubro de 2005

Blue Tomato, Vienna, 29.11.2004



Neste preciso dia epigrafado o Die Like a Dog Trio (Brotzmänn, Drake, Parker) colocava abaixo o pequeno Blue Tomato, em Viena, numa apresentação em que certamente esteve presente o próprio Ayler - "Little Bird" -, ali, num canto, a testemunhar tudo com seu olhar soturno.

O concerto de quase duas horas foi lançado inoficiosamente, e recomenda-se a todos. Brötzmann esteve indomável. E também o público, ao que parece.

Mais sobre jazz em Viena.

16 de outubro de 2005

We Free Kings


Hoje é dia de The Art of the Improvisers (Atlantic, 1961), aliada à uma bastante iluminada performance da kirkiana Free King's Suite -- Meeting On Termini's Corner / Three For The Festival / A Handful Of Fives pelo Vandermark 5, disponível no primeiro disco de Alchemia.


[Playing a standard tune is] like having to know the results of all the changes before you even play them, compacting them in your mind. So I did that, and once I had it all compacted in my head I just literally REMOVED IT ALL and just PLAYED. (Ornette Coleman)

If Louis Armstrong was the one who said "These are the rules," and Charlie Parker, was the one who said, "No, here are the new rules," Ornette Coleman is the one who says, "Why do we even need rules at all?" (Michael J. West, Ornette Coleman: The Last Jazz Radical.)

O abre-surdo


"A sua música, muitas vezes, sem uma absoluta separação entre composição e improvisação, contém sofisticadas harmonias, mas estas apenas são dissonantes pela mesma razão que os rios têm afluentes, cascatas e trajectos sinuosos mas nunca deixam de chegar ao mar. Será possível tanta sabedoria ser endossada com tamanha simplicidade? Existe coisa mais poderosa que isto?

Simplicidade, sim. Sem pretensiosas teorizações, sem pseudo vanguardismos. Mas também sem falsas modéstias. Esse homem, poderíamos dizer, é a música transformada em carne. O som tranformado em osso. Hermeto paira numa outra dimensão e é ele que de alguma forma faz o "link" entre Bach e Luís Gonzaga, entre Miles Davis e Jackson do Pandeiro, entre Jobim e Kituxi. Este homem, dizem, só podia ser brasileiro."

Hermeto, via O abre-surdo.

15 de outubro de 2005

Viaje a Erlebnis

Akinetón Retard tocando Viaje a Erlebnis, de seu primeiro álbum, em apresentação que lhe valeu o premioDarwin International 2003/2004.

Via AMN.

13 de outubro de 2005

Akinetón Retard

Gêneros, rótulos, pouco ou nada dizem. Tentem explicar porque raios - um exemplo - bandas e propostas tão distintas como Henry Cow, Volapük e Mahavishnu Orchestra são colocados lado a lado, na grande categoria do rock progressivo?!? Pior, como uma banda que se vale de instrumentos de câmara - oboé, fagote, bassoon, contrabaixo, etc. - como Univers Zéro ou Gatto Marte são confinados na mesma vala? A categorização alcança tamanha sofisticação, (ou antes, a falta dela) que torna-se irracional e aleatória, o que, ao invés de servir o propósito de guiar o iniciante, acaba por segregar e tornar de difícil acesso certas bandas.

Temos um exemplo na chilena Akinetón Retard. Por alguma singularidade imperscrutável do destino, esse grupo caiu nas graças da imprensa progressiva, que logo rotulou-a como uma das grandes inovações do estilo. Ainda que fiquemos na seara do Rock in opposition (R.I.O.) ou até do jazz-fusion, o rótulo é incompreensível. Talvez a utilização de coros e susurros no primeiro álbum da banda, homônimo (Independente, 1999), tenha lembrado a alguém do francês Magma, o que significou ainda algumas comparações ao sub-gênero zeuhl, só para piorar as coisas.

Ocorre que a banda trilha um caminho único - uma vera fusão de estilos - mas, sem sombra de dúvida, sua sintaxe é jazz, particularmente daquela cepa que vai fundar-se no improviso e experimentalismo criativo sem barreiras. E, por conta d'uns desvios de classificação, o quinteto corre o risco de jamais encontrar seu público.

Atrevimento. Este o elemento que melhor sumariza suas composições, um alinhamento entre a pirotecnia de John Zorn, a expertise de Fred Frith ou Sonny Sharrock e os desatinos de Sun Ra. Nas entrelinhas, Massacre, Naked City, Coleman, e tantos outros. A mistura é potencializada ao vivo, conforme já pude testemunhar, e como se vê também do recente Ao Vivo (Editio Princeps, 2005) que há de ser um dos melhores lançamentos do ano.

Passado o recado, não deixem de conferir neste luxuoso álbum duplo, que guarda gravações realizadas em terras chilenas e brasileiras, petardos como Morricoleman (Morricone+Coleman), DementiaAbsorbant, Blues en Re, e Primogenia Satiria.

12 de outubro de 2005

Boas

Eduardo Chagas espalha as boas novas. Schwarzwaldfahrt (Atavistic, 2005) agora em nova edição, bonus tracks e duplo.

A reedição da Unheard Music Series/Atavistic, às 10 faixas originais, acrescentou outras tantas, arranjando material para um CD duplo que é de ir às lágrimas de contentamento auditivo. Peter Brötzmann/Han Bennink, Schwarzwaldfahrt.

Via jazz e arredores.