Já há algum tempo a Editora Barracuda trouxe, para o Brasil, dois livros de autoria do jornalista Ashley Kahn, que buscam destrinchar duas obras-primas do jazz: A Love Supreme, de John Coltrane; e Kind of Blue, de Miles Davis.
Já tive oportunidade de ler a obra sobre o grand opus de Coltrane (A Love Supreme - A Criação do Álbum Clássico de John Coltrane, 2007), e se trata de um livro extremamente rico em detalhes e minúcias, seja acerca do processo criativo que culminou na gravação do disco, seja sobre a sua repercussão junto ao público.
Kahn ainda reserva boa parte do livro explorando o impacto do álbum sobre a cultura musical dos Estados Unidos, esmiuçando, especialmente, o contexto espiritual em que foi gestado, e que acabou por provocar reações equivalentes nos músicos e nos ouvintes. Há grande quantidade de testemunhos colhidos entre vozes da música - da época e dos tempos de hoje - que confirmam a popularidade e influência da obra-prima de Coltrane inclusive para fora dos círculos de jazz.
A conotação espiritual que Coltrane deu ao álbum casou tão bem com a proposta free-jazz e improvisacional que, até hoje, este gênero do jazz está entrelaçado com sentimentos de transcendência, êxtase espiritual e prece. Coltrane e seu A Love Supreme provavelmente não foi o primeiro a explorar o jazz a partir desta perspectiva, mas sem dúvida é o que representa, de forma mais imediata, a idéia.
A abordagem espiritual-emotiva do free-jazz, a partir daí, vai se repetir em grande obras do gênero (Pharaoh Sanders, Karma; Archie Shepp, The Magic of Ju-Ju; Keith Jarret, Spheres; praticamente toda a discografia de Sun Ra; para ficarmos em apenas alguns exemplos), confirmando a impressão de que, à medida que o jazz se livra dos limites formais, das amarras dos acordes e das estruturas harmônicas, mais ele se aproxima de uma experiência etérea e transcendental.
Por isso, a leitura do livro de Kahn é bastante recomendada, pois traz à tona os propósitos e objetivos de Coltrane com o álbum, trazendo luz para esta interessante questão acerca da relação entre a música improvisada e a religiosidade.
Kahn ainda reserva boa parte do livro explorando o impacto do álbum sobre a cultura musical dos Estados Unidos, esmiuçando, especialmente, o contexto espiritual em que foi gestado, e que acabou por provocar reações equivalentes nos músicos e nos ouvintes. Há grande quantidade de testemunhos colhidos entre vozes da música - da época e dos tempos de hoje - que confirmam a popularidade e influência da obra-prima de Coltrane inclusive para fora dos círculos de jazz.
A conotação espiritual que Coltrane deu ao álbum casou tão bem com a proposta free-jazz e improvisacional que, até hoje, este gênero do jazz está entrelaçado com sentimentos de transcendência, êxtase espiritual e prece. Coltrane e seu A Love Supreme provavelmente não foi o primeiro a explorar o jazz a partir desta perspectiva, mas sem dúvida é o que representa, de forma mais imediata, a idéia.
A abordagem espiritual-emotiva do free-jazz, a partir daí, vai se repetir em grande obras do gênero (Pharaoh Sanders, Karma; Archie Shepp, The Magic of Ju-Ju; Keith Jarret, Spheres; praticamente toda a discografia de Sun Ra; para ficarmos em apenas alguns exemplos), confirmando a impressão de que, à medida que o jazz se livra dos limites formais, das amarras dos acordes e das estruturas harmônicas, mais ele se aproxima de uma experiência etérea e transcendental.
Por isso, a leitura do livro de Kahn é bastante recomendada, pois traz à tona os propósitos e objetivos de Coltrane com o álbum, trazendo luz para esta interessante questão acerca da relação entre a música improvisada e a religiosidade.